Por RAQUEL LUIZA,
A glomerulonefrite pós-infecciosa ocorre após infecção, em geral, com uma cepa nefritogênica de estreptococo beta-hemolítico do grupo A. O diagnóstico é sugerido por história e exame de urina e confirmado pela baixa concentração de complemento e, algumas vezes, pelos exames de anticorpos. O prognóstico é excelente. O tratamento é de suporte.
Os germes mais frequentes são o estreptococo do grupo A, mas também é descrito após infecções por outras bactérias, vírus, fungos, parasitas e riquétsias. As infecções mais comuns afetam a laringe e a pele.
Entre a infecção e o início dos sintomas renais, decorre um período de tempo (1-2 semanas nas infecções da faringe, 3-6 semanas nas infecções da pele).
SINTOMAS
O quadro clínico é o de uma síndrome nefrítica. A hematúria é o achado mais frequente e em metade dos casos é macroscópica. A hipertensão arterial geralmente aparece com hematúria e é consequência da retenção hidrossalina original devido ao envolvimento glomerular. A hipertensão é geralmente moderada, mas excepcionalmente pode ser grave o suficiente para causar encefalopatia com confusão e/ou convulsões, ou insuficiência cardíaca, especialmente em adultos com doença cardiovascular prévia. O edema, produto da retenção hidrossalina, tem distribuição usual na face, pálpebras e extremidades, sendo predominantemente matinal. Em alguns casos, a retenção hidrossalina pode condicionar o desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva.
DIAGNÓSTICO
O quadro clínico e a história de infecção são suficientes para suspeitar do diagnóstico.
Exames laboratoriais:
- Urina.
– Hematúria frequentemente com dismorfismo
eritrocitário
– Presença de cilindros hemáticos
– Piúria
– Graus variados de proteinúria
– Proteinúria nefrótica é incomum, ocorrendo em cerca de 5% dos casos - Elevação da creatinina em graus variados.
• Fração C3 do complemento significantemente reduzida e fração C4 normal ou levemente reduzida (Ativação da via alternativa do complemento). - Apenas 25% dos pacientes terão culturas de pele ou orofaringe positivas ( GNDA apresenta‐se semanas após quadro infeccioso).
• Anticorpos contra antigenos extracelulares do streptoccocus:
– Anti‐streptolisina O ( 95% nas faringites e 80% nas infecções cutâneas)
– Anti‐DNAse B, anti‐hialuronidase, anti‐estreptoquinase, anti‐NAD.
O diagnóstico definitivo é feito por biópsia renal.
Indicação de biópsia renal
- Dúvida diagnóstica.
- Fração C3 do complemento persistentemente baixa por mais de 6 semanas.
- Piora progressiva da creatinina
- Hematúria macroscópica por mais de quatro semanas
- Proteinúria no nível nefrótico e persistente
TRATAMENTO
O tratamento adequado da infecção desencadeante e o controle rigoroso das manifestações da síndrome nefrótica (sobrecarga de volume, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca) são a base para o controle dessa doença.
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Cuidados de suporte
O tratamento é de suporte e pode incluir restrição de proteínas, sódio e líquidos na dieta e tratamento do edema e da hipertensão nos casos mais graves. Ocasionalmente, a diálise é necessária. O tratamento antimicrobiano é preventivo e é instituído apenas quando dentro de 36 h de infecção e antes do estabelecimento da glomerulonefrite.
Referências
- Glomerular disease: Evaluation and differential diagnosis in adults – UpToDate.
- Understanding Glomerular Diseases – National Kidney Foundation.
- Glomerular Diseases – The National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases.
- Glomerulonephritis – New England Journal of Medicine.