Arterite Temporal : dos sintomas ao diagnóstico e tratamento. Conhecer para Prevenir!

Por Raquel Luiza,

 


Arterite de células gigantes Artrite Reumatoide Dor compartilhada é Dor  Diminuída

A arterite temporal faz parte do grupo das vasculites, doenças heterogêneas que apresentam em comum um processo inflamatório na parede vascular, podendo levar à estenose, obstrução e trombose, com consequente isquemia tissular, aneurisma ou hemorragia. Essas condições podem ser secundárias a uma doença subjacente ou ocorrer como uma doença primária de causa desconhecida. Vasculites primárias podem ser categorizadas de acordo com o tamanho do vaso predominantemente envolvido, com o padrão de envolvimento orgânico e a histopatologia.

Arterite temporal - Vascular.pro

A arterite temporal ou arterite de células gigantes é uma vasculite sistêmica que acomete vasos de médio e grande calibre, com predileção pelos ramos extracranianos da artéria carótida e preferencialmente da artéria temporal.

 

Epidemiologia

A média de ocorrência é de 1 caso a cada 133 indivíduos acima de 50 anos de idade para polimialgia reumática e 1 caso a cada 500 pacientes acima de 50 anos para arterite temporal. A prevalência pode ser maior em determinadas populações; estudos anatomopatológicos sugerem que a doença seja mais comum do que os dados atuais fazem parecer, e o pico de incidência é de 70 a 80 anos.

 

Sintomas

Caso clínico de Artéria temporal Superficial by Caso Clinico ARTERITE  TEMPORAL

O sintoma mais comum é a cefaleia, que não responde aos analgésicos usuais, podendo também aparecer febre, emagrecimento, astenia (fraqueza), anorexia (perda de apetite) e artralgia (dor nas articulações).
Também pode haver envolvimento ocular, levando à cegueira unilateral ou bilateral por neuropatia óptica isquêmica (NOIA), que pode ser precedida por episódios de amaurose fugaz, mas, uma vez estabelecida, raramente é reversível. Pode estar associada à polimialgia reumática, uma síndrome clínica caracterizada por dor, rigidez e impotência funcional das cinturas escapular e pélvica.
Outras manifestações menos frequentes são acidentes vasculares cerebrais (com preferência pelo território vertebrobasilar), cardiopatias ou desenvolvimento de aneurisma ao nível da aorta torácica ou abdominal. Sendo uma vasculite sistêmica, é possível encontrar lesões de vasculite em vários órgãos da economia.

 

Diagnóstico

A suspeita é estabelecida pelo quadro clínico.
O exame de sangue mostra dados inespecíficos, como anemia e leucocitose (aumento do número de glóbulos brancos). O aumento da velocidade de sedimentação das hemácias (VHS) é praticamente constante e é útil para avaliar a resposta ao tratamento.
O diagnóstico de certeza é feito com a biópsia da artéria afetada, frequentemente, a biópsia da artéria temporal. A biópsia obtida deve ter pelo menos 3 com, dada a possibilidade de envolvimento desigual. Apresenta espessamento, edema e fibrose da íntima, fragmentação da lâmina elástica interna e infiltração por células inflamatórias, principalmente linfócitos e macrófagos, podendo também haver células gigantes no infiltrado.

 

Tratamento

Os corticosteroides são o esteio do tratamento para as duas situações, pois rapidamente aliviam os sintomas cranianos e sistêmicos e geralmente previnem as complicações visuais associadas com a doença. Em pacientes com polimialgia reumática, a dose inicial de 10 a 20 mg de prednisona é adequada na maioria dos casos. Em pacientes com arterite temporal, a dose usual é de prednisona 60 mg/dia ou 1 mg/Kg ao dia; alguns autores recomendam, entretanto 1 mg/kg de peso para ambas situações. A dose é gradualmente reduzida após o alívio dos sintomas; por exemplo, dor costuma ter rápido alívio com melhora em 48 horas. Após duas semanas a dose pode diminuir para 50 mg ao dia e ao final de 1 mês para 40 mg ao dia, com diminuição gradual posterior. A dose de manutenção na maioria dos casos é de 10 mg/dia.

É recomendado em pacientes com arterite temporal, com ou sem alterações visuais, o uso de aspirina 80-100 mg ao dia, em pacientes com risco de úlcera associada a anti-inflamatórios a adição de bloqueadores da bomba de prótons pode ser útil.

A maioria dos pacientes requer um a dois anos de terapia, embora alguns pacientes possam necessitar de tratamento por até quatro anos. Eventualmente, em pacientes com perda visual aguda ou em risco eminente de perda visual pode ser pulsado com metilprednisolona 1 g EV por três dias. Alguns autores usam, para casos refratários, ciclofosfamida (1 g/dia, EV, por um dia), mas o benefício é controverso. Em longo prazo, podem ser utilizadas as dosagens de PCR, VHS e IL-6 para monitorar a dose de corticosteroide. Até o momento, nenhum agente citotóxico tem mostrado ser efetivo em reduzir a necessidade de prednisona ou diminuir o risco de efeitos colaterais. Baixa dose de aspirina pode ser benéfica em reduzir a perda visual e complicações cerebrovasculares associadas com a arterite de células gigantes. Em pacientes com alto risco de complicações do uso de glicocorticoides a adição de methotrexate pode auxiliar em diminuir a dose de corticoesteroide, estudos mostraram inclusive que o methotrexate aumenta a chance de descontinuar os glicocorticoides, outras opções com o mesmo objetivo são o uso de tolicizumab e ciclofosfamida.

 

 

Referências

1-Hunder GG. Giant cell arteritis and polymyalgia rheumatica. In: Textbook of Rheumatology, 5th, Kelly WN, Harris ED, Ruddy S, Sledge CB (Eds), WB Saunders, Philadelphia 1996.

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