Coral de voluntários da UnB levou o clima natalino para diversas alas do Hospital Materno Infantil de Brasília
Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes
“Eles já tinham entrado em contato comigo diversas vezes, mas não foi possível por causa da pandemia. Semana passada, eles vieram aqui e a gente combinou. Eu achei a ideia magnífica porque eu amo coral e Natal”, explica a técnica em enfermagem e coordenadora do grupo voluntário do Hmib, Rejane Costa dos Santos, que viabilizou a presença do coral.
O Hmib foi o primeiro hospital a receber a temporada deste ano do projeto, que começou em uma instituição no Cruzeiro e terá ainda passagens por outras unidades hospitalares, entidades sociais e quadras de Brasília. “Fiquei muito contente de sermos o primeiro hospital. Apreciar essa cantata é muito importante não só para os pacientes, mas também para os servidores que estão esgotados emocionalmente. A música lava a alma”, completa a coordenadora.
Há 24 anos no grupo, Ronaldo Abdalla é responsável por ensaiar o coral e também regê-lo nas apresentações. Ele diz que a serenata tem o objetivo de despertar o sentimento de fraternidade característico das festividades de fim de ano.
“Nós somos pessoas que, independentemente da religião, acreditamos no espírito natalino e não só em dezembro. Ele começa muito antes, como nessas apresentações aqui dentro. Tem pessoas que vão ouvir a música natalina, serão renovadas de energia boa e vão conseguir sair melhor da situação em que estão dentro do hospital”, analisa.
Além da alegria musical, o coral também arrecada doações para entregar nos locais que visita. Para o Hmib, foram doados materiais de higiene que são distribuídos para mães e crianças internadas. “Isso é só a materialização de todo o simbolismo que é esse espírito natalino”, completa Abdalla.
Momento de alegria
A presença do coral mudou o dia da família Aidar. Internada desde quarta-feira com sintomas respiratórios, Laura, 4 anos, tinha acordado chorando, até que a mãe, Stella, escutou o coral e resolveu levar a menina para assistir à apresentação.
“Para a gente que está aqui no hospital, é um afago no coração. É também uma distração para ela”, comenta a mãe. As lágrimas da pequena cessaram e os olhinhos brilhavam enquanto acompanhava as canções. O ânimo foi tanto que a menina pediu para reger os cantores ao lado de Ronaldo Abdalla.
Quem também teve seu dia de regente foi Maria Amaral da Silva, 4 anos. Assim que ela ouviu o canto, pediu para a mãe, Elielma Amaral da Silva, levá-la até lá. “Como ela está acostumada com o coral da igreja, quando ouviu, logo correu para cá”, relata a mãe. “Gostei muito. Foi uma felicidade em meio ao nosso problema”, classifica. Essa é a segunda vez que a menina está internada no Hmib devido a uma anemia falciforme.
Abadia Pereira dos Santos é a avó de Rebeca Nayara Rodrigues, bebê que nasceu há 25 dias e está internada no hospital. Abadia assumiu o papel da mãe após a filha morrer durante o parto. Para ela, o coral serviu para apaziguar o coração aflito dos últimos dias. “Eu quis trazer a Rebeca para ouvir. É uma forma de a gente se alegrar em meio ao sofrimento. Acho que ajuda muito”, comenta.
Plantão diferente
A técnica de enfermagem Vanessa Gonzaga foi uma das servidoras que fez questão de mobilizar as pacientes da ala da maternidade para assistirem ao coral. “É algo muito bom para as pacientes que estão no pós-parto. É uma forma delas relembrarem a infância e passarem um pouco desse sentimento do Natal para os filhos. Por isso, me prontifiquei a chamá-las”, afirma.
Ela conta que é a primeira vez que vê uma iniciativa dessas no hospital e espera que se repita. “Me comoveu muito, achei maravilhoso”, completa.
Mas não foram só os pacientes que foram impactados pelos cânticos natalinos. O plantão dos funcionários do hospital também teve um novo significado. A técnica de enfermagem Jaqueline Porto diz que o coral foi o pontapé para o início das festividades de fim de ano.
“É como se a gente começasse a preparar o coração para o espírito natalino. Acho que vem para amenizar um ano difícil de eleições e pandemia”, avalia. O médico ginecologista Adewale Adeniyi concorda: “Achei muito legal. É bom porque dá um clima diferente ao plantão”.