Por Raquel Luiza,

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A lepra, também conhecida como hanseníase ou doença de Hansen, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae (M. leprae), que leva ao aparecimento de manchas esbranquiçadas na pele e alteração dos nervos periféricos, o que diminui a sensibilidade da pessoa à dor, toque e calor, por exemplo.

As partes do corpo mais afetadas são os olhos, as mãos e os pés, mas as feridas também podem aparecer no rosto, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas e a transmissão acontece por meio do contato com as secreções da pessoa contaminada.

A hanseníase tem cura quando o tratamento é seguido de acordo com a orientação do médico, respeitando a dosagem e o tempo de tratamento, e é feito com o uso de antibióticos.

Hanseníase (doença endêmica na Ásia, África e América Latina causada pelo Mycobacterium leprae, um bacilo ácido-álcool resistente de crescimento intracelular. O reservatório é o ser humano.
Tem preferencia por pele, mucosa e sistema nervoso, com duas formas polares: a que ocorre em pacientes com imunidade celular ativa, a hanseníase tuberculóide e a forma de hanseníase com imunidade celular alterada ou lepromatosa. A transmissão ocorre por contato interpessoal por meio de gotículas nasais infecciosas.
O contato intercutâneo, embora tradicionalmente seja considerado um mecanismo de transmissão frequente, apresenta um risco de contágio muito baixo.
O período de incubação varia de 3 a 5 anos.

 

Quais são os sintomas?

O primeiro e principal sintomas da lepra é o aparecimento de manchas planas ou elevadas, do tipo arredondada, de cor mais clara que a pele, que podem se espalhar pelo corpo. Estas manchas podem afetar as sobrancelhas e os cílios e algumas vezes podem tornar-se avermelhadas. Em toda mancha há perda da sensibilidade, ou seja, não doem, sendo este o maior diferencial para as outras doenças de pele, pois a pessoa deixa de sentir as diferenças de temperatura e de pressão no local da ferida, podendo se ferir gravemente, sem perceber.

As manchas na pele e perda da sensibilidade ocorrem devido à inflamação dos nervos daquela região, podendo haver o surgimento de outros sintomas como:

• Inchaço da região;
• Perda da força nos músculos inervados por estes nervos afetados, principalmente nos olhos, braços e pernas.
• Perda da capacidade de suar;
• Pele ressecada;
• Perda da sensibilidade e dormência;
• Lesões e feridas na planta dos pés;
• Lesões no nariz;
• Lesão dos olhos pode causar cegueira;
• Paralisia dos braços ou pernas;
• Impotência e esterilidade, pois a infecção pode reduzir tanto a quantidade de testosterona quanto a quantidade de espermatozoides produzidos pelos testículos.

 

Existem duas formas clínicas bem diferenciadas:

Hanseníase indeterminada: É aquela que apresenta uma lesão única e evolui para cura espontaneamente na maioria dos casos. São 90% dos casos.

Hanseníase Virchowiana (multibacilar),em que são observadas mais de 5 lesões com bordas bem ou mal definidas e comprometimento de 2 ou mais nervos, além de também poder se difícil diferenciar a pela normal da pele com lesão, em alguns casos.

É caracterizada por espessamento da derme e derme e presença de nódulos e placas cutâneas simétricas. É típica a afetação do trato respiratório superior e dos olhos, a perda dos pelos corporais, (incluindo sobrancelhas e cílios), e a deformação do septo nasal (nariz em “sela”).

Hanseníase Tuberculóide (paucibacilar), em que são observadas entre 1 e 5 lesões que podem ter bordas bem ou mal definidas e comprometimento de até 1 nervo;

É caracterizada pela presença de máculas anestésicas hipopigmentadas juntamente com envolvimento extenso e assimétrico dos troncos nervosos periféricos. O espessamento do tronco nervoso é patognomônico para hanseníase e produz paralisia muscular e anestesia. O tronco nervoso mais comumente afetado é o nervo ulnar ao nível do cotovelo, levando à flexão em “garra” dos dedos mínimo e anular e perda de sensibilidade da mão. A maioria dos pacientes apresenta manifestações intermediárias entre as duas formas clínicas (hanseníase limítrofe). dependendo se há predomínio de uma forma clínica ou de outra, é denominada lepra limítrofe ou tuberculóide.

Os sintomas da lepra podem demorar anos para a aparecer dependendo da resposta imune da pessoa, e o período de incubação da bactéria, ou seja, o tempo que o agente infeccioso leva para provocar sinais e sintomas da doença, varia de 6 meses à 5 anos.

 

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico é feito por várias técnicas: esfregaço de pele na borda ativa de uma lesão, por exemplo, no lóbulo da orelha ou cotovelo, para detecção de bacilos (coloração de Zeihl-Neelsen e cultura); raspagem nasal da narina e septo posterior; Biópsia cutânea incisional que atinge a panícula, que revela granulomas na forma tuberculóide, paucibacilar, ou lepromas difusos com macrófagos espinhosos e grande número de bacilos no virchowiano. No caso de tuberculóide neural ou hanseníase boderline, a biópsia do nervo periférico afetado pode ser necessária.
O teste da lepromina (reação de Mitsuda) não é diagnóstico, mas é útil para classificar os diferentes tipos de hanseníase.

Como acontece a transmissão

A lepra é uma doença altamente contagiosa, podendo ser transmitida de pessoa para pessoa através do contato com secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Assim, é recomendado que a pessoa com lepra evite falar, beijar, tossir ou espirrar muito perto de outras pessoas, enquanto não iniciar tratamento.

A pessoa pode contaminar-se com o bacilo da lepra e só manifestar sintomas muitos anos depois. O contato através do toque do doente não representa um alto risco de transmissão e cerca de 90% da população tem defesa natural contra essa doença, e por isso a forma como a doença se manifesta também depende da genética de cada pessoa.

 

Tratamento

O tratamento da lepra é feito com o uso de antibióticos, que devem ser iniciados assim que surgem os primeiros sintomas e mantidos por alguns meses. Dessa forma, o tratamento deve ser sempre bem orientado, sendo por isso aconselhado ir num posto de saúde ou no centro de tratamento de referência, geralmente 1 vez por mês, ou de acordo com as orientações do médico, pra que possa ser avaliado o efeito do medicamento e se há necessidade de alterar a dose

O tratamento da hanseníase tuberculóide (e tuberculóide boderline) consiste na administração de dapsona juntamente com rifampicina por 6 a 9 meses.
O tratamento da hanseníase virchowiana (e da boderline virchowiana) é a clofazimina, dapsona e rifampicina entre 24 -36 meses.
A lepra é uma doença de notificação obrigatória.