UBS no Lago Norte é usada como modelo para planejamento de política nacional em parceria com Fiocruz
Agência Brasília* | Edição: Claudio Fernandes
“O que nós estamos tentando, a partir da experiência da Secretaria de Saúde, é fazer um processo de integração para que possamos avançar na implementação da política nacional de plantas medicinais. Queremos estimular esse conhecimento em todo o país”, explica a pesquisadora da Fiocruz e coordenadora do projeto sobre plantas medicinais e bioeconomia, Maria do Socorro Souza. “O horto do Lago Norte é uma unidade que integrou as técnicas de cultivo, de manejo, de processamento e também do uso dessas plantas medicinais.”
“A nossa obrigação, como profissionais de saúde, é garantir o acesso à informação para o uso seguro e racional também das plantas medicinais em preparações que possam ser feitas pela própria comunidade”, afirma a referência técnica distrital (RTD) em fitoterapia, o médico Marcos Trajano. Para ele, o trabalho desenvolvido na UBS estabelece a qualidade no contexto do uso dessas plantas.
Segundo a secretária de Políticas Sociais da Contag, Edjane Rodrigues, capacitar os agricultores com conhecimento e técnica sobre plantas medicinais é importante também para que esse plantio possa ser comercializado. “A gente percebe que muitos agricultores e agriculturas familiares têm as plantas medicinais em suas unidades produtivas, mas muitas vezes não as conhecem. Com o conhecimento, podem cultivar e até processar essas plantas para produzirem, por exemplo, óleos essenciais”, acrescenta.
A agricultora rural Maria Alves da Silva tem uma propriedade em um assentamento em Roraima. Ela conta que trabalha com o cultivo de mandioca, abóbora, milho, feijão, mas que se interessou em conhecer mais sobre essa possibilidade. “É uma nova porta que se abre e aqui na UBS a gente percebe que há uma importância na comunidade.”
Hortos
Além das 70 espécies de plantas com potencial medicinal, há plantas alimentícias não convencionais. A Secretaria de Saúde possui quatro hortos medicinais em toda a rede. Eles foram criados com o objetivo de cultivar plantas medicinais que serão utilizadas em tratamentos de saúde, visando agregar fitoterápicos para complementar o tratamento de usuários do SUS.
Os quatro hortos medicinais funcionam na Unidade Básica de Saúde 1 do Lago Norte, na Casa de Parto, em São Sebastião, na Farmácia Viva do Riacho Fundo I e na Farmácia Viva do Centro de Referência em Práticas Integrativas (Cerpis), em Planaltina. Em três dos quatro hortos, é feita a entrega da planta fresca, mediante prescrição.
Já a produção de medicamentos fitoterápicos é feita somente nas Farmácias Vivas do Riacho Fundo I, que distribui para 25 unidades básicas de saúde, e do Cerpis de Planaltina, que distribui dentro da região norte.
A Farmácia Viva do Cerpis, além de cultivar, colher, manipular e distribuir os fitoterápicos, entrega plantas frescas, secas e promove atividades educativas abertas à população. Até 31 de outubro deste ano, a produção do local foi de 13.127 medicamentos do tipo.
Espécies no horto da UBS do Lago Norte
De acordo com o RTD em fitoterapia, Marcos Trajano, os hortos têm função de socializar as pessoas da comunidade, estimulando uma cultura de paz. “As colheitas são algo a mais promovido, mas o grande benefício mesmo é o exercício em prol à comunidade”, afirma.
Nessa perspectiva, Trajano explica que as ofertas de colheita são pequenas, mas que as plantas mais procuradas no local são:
Açafrão
Azedinha
Babosa
Bertalha
Boldo (falso-boldo), sete-dores
Camomila
Capim santo
Capuchinha
Carqueja
Chaya
Erva baleeira
Erva cidreira
Melissa
Espinheira-santa
Folha-da-fortuna
Funcho
Gengibre
Goiabeira
Guaco
Melaleuca
Manjericão
Mulungu
Ora-Pro-Nobis
Sabugueiro
Tanchagem
Vinagreira
*Com informações da Secretaria de Saúde