Por RAQUEL LUIZA,
O que é ?
Cefaleia trigêmino-autonômica mais frequente – localização orbital, supraorbital e/ou temporal, caracterizada por crises intensas de cefaleia associadas a sinais autonômicos parassimpáticos cranianos exuberantes, ipsilaterais à dor.
A cefaleia em salvas é uma situação bastante desconfortável e que é caracterizada por dor de cabeça intensa, que surgem em crises, e que acontece apenas em um lado, havendo também dor atrás e ao redor do olho no mesmo lado da dor, corrimento nasal e incapacidade de fazer qualquer outra atividade, uma vez que a dor é bastante forte.
A cefaleia em salvas não tem cura, no entanto o tratamento indicado pelo neurologista tem como objetivo aliviar os sintomas e diminuir a frequência das crises, podendo ser necessário o uso de alguns medicamentos como anti-inflamatórios não esteroides, opioides e, em alguns casos, uso de uma máscara de oxigênio.
As cefaleias trigêmico-autonômicas são entidades primárias que compartilham algumas características: dor unilateral associada a sinais cranianos autonômicos parassimpáticos ( eg. lacrimejamento, rinorreia, sudorese ( facial). Sugere-se que essas cefaleias sejam causadas por ativação parassimpática reflexa no ramo trigeminal do nervo facial. Entre as entidades estão:
- Cefaleia em Salva que será descrita nessa matéria.
- Cefaleia Hemicraniana Paroxística: tem os mesmos critérios de diagnósticos da cefaleia em Salva, com duração mais curta ( 2-30 min), múltiplos episódios no dia e destaque para a boa resposta terapêutica preventiva com Indometacina 150mg/dia ( diferente da Cefaleia em Salva, que é refratária a AINEs).
- Cefaleia Hemicraniana Continua: semelhante a Paroxística, incluindo a boa resposta terapêutica, a diferença esta na duração que é persistente, presente mais de 3 meses, contínua, com períodos breves de remissão.
- SUNCT ( do inglês, short-lasting unilateral neuralgiform headache attacks with conjunctival injection and tering): uma das chamadas – cefaleias de curta duração- caracterizada por dores que duram de segundos a minutos ( bem mais rápida que a cefaleia em Salvas), ocorrendo com frequência de no min 1 episódio por dia, e necessariamente associada a hiperemia conjuntival e lacrimejamento ipsilateral à dor;
- SUNA ( do inglês, short -lasting unilateral neuralgiform headache attacks with cranial autonomic symptoms): semelhante a SUNCT, com diferença de que só está presente dois sintomas obrigatórios: hiperemia conjuntival ou lacrimejamento ipsilateral à dor.
Em quem ocorrre a cefaleias em Salvas?
A a cada 1.000 habitantes ( 80% do sexo masculino).
Quais são os sintomas?
Dor intensa, em salvas, estritamente unilateral e alterações autonômicas, com duração de 15 a 180 minutos + hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento, congestão ocular e nasal, rinorreia, edema palpebral, rubor facial, sudorese, miose e/ ou ptose ipsilaterias + Sensação de inquietude e agitação. Associada a suicídio ( devido a intensida da dor).
Surtos de um a três meses de duração ( salvas).
Os sintomas da cefaleia em salvas são bastante desconfortáveis, podendo a pessoa ter episódios de dor de cabeça intensa 2 a 3 vezes por dia por cerca de 15 a 20 dias. Além disso, é comum que pelo menos um desses episódios aconteçam durante a madrugada, normalmente 1 a 2 horas depois de adormecer. Outros sinais sintomas que são normalmente indicativos de cefaleia em salva são:
- Dor latejante apenas em um lado da cabeça;
- Olho vermelho e lacrimejando no mesmo lado da dor de cabeça;
- Dor por trás e ao redor do olho;
- Inchaço do rosto do lado da dor;
- Dificuldade para abrir completamente o olho no lado da dor;
- Corrimento nasal;
- Dor de cabeça que dura entre 15 minutos e 3 horas, sendo mais comum de durar até 40 minutos;
- Incapacidade de realizar qualquer atividade devido à dor de cabeça intensa;
- A dor não é influenciada pela luminosidade ou alimentação;
- Desconforto na região afetada após diminuição da dor.
Não se sabe quando a crise irá acabar, mas algumas pessoas relatam que as dores de cabeça começam a ser mais espaçadas, havendo menos episódios por dia, até que desaparece completamente, retornando somente meses ou anos depois. Além disso, não é possível saber o que pode desencadear uma nova crise após meses de intervalo
Assim, o médico pode fazer o diagnóstico da cefaleia em salvas por meio da observação dos sintomas apresentados pela pessoa, além de também poder ser recomendada a realização de ressonância magnética, por exemplo, para verificar se há alguma alteração cerebral. Na ausência de alterações, é normalmente considerado que a pessoa tem cefaleia em salvas. No entanto, o diagnóstico é demorado e é feito pelo neurologista, após meses ou anos e, por isso, é comum que nem todos os pacientes sejam diagnosticados na sua primeira crise de cefaleia em salvas.
Como é realizado o diagnóstico?
Pelo menos 5 crises preenchendo os critérios:
a. Dor forte unilateral, orbitária, supraorbitária e/ou temporal, duranto de 15 a180, se não tratada.
b. Pelo menos 1 dos seguintes ( ipsilaterais à dor):
- Hipermia conjuntival e/ou lacrimejamento;
- Congestão nasal e/ou rinorreia;
- Edema palpebral;
- Sudorese frontal e facial;
- Miose ou ptose palpebral;
- Inquietude e agitação.
c. Frequência mínima de 1 crise a cada dois dias.
d. Não atribuída a outro transtorno.
Tratamento
O tratamento para cefaleia em salvas deve ser orientado pelo neurologista e tem como objetivo diminuir a intensidade da dor e fazer com que a crise dure menos tempo. Assim, o médico pode indicar o uso de anti-inflamatórios não esteroides,triptanos, ergotamina, opioides e uso de uma máscara de oxigênio a 100% nos momentos de crise.
Analgésicos comuns e opioides são ineficazes e não devem ser utilizados.
Após melhora do quadro álgico, o paciente deve ser orientado a evitar fatores desencadeantes como bebidas alcoólicas e substancias voláteis, até o final do período de crises. O tratamento preventivo é a melhor escolha.
Na crise, deve ser administrado oxígênio a 100% e administrar Sumatriptano 6 mg via subcutânea.
Referências
- SANVITO, W.L.;MONZILLO, P.H.. O livro das cefaléias. São Paulo: Atheneu, 2001. p. 63-71.