Por RAQUEL LUIZA,
O que é?
Excesso de cálcio circulante. A faixa de normalidade do cálcio é 8,5 – 10,5 mg/dL. A hipercalcemia é considerada moderada quando > 12 mg/dL, e grave quando > 14 mg/dL.
Os minerais, como o cálcio, são essenciais para o bom funcionamento do organismo do paciente, participando da formação de ossos e também na condução dos impulsos elétricos que permitem o funcionamento do corpo. Por isso, monitorar os indicadores de cálcio presentes no corpo do paciente é importante para entender melhor sua saúde e saber como está seu organismo.
Quando, por exemplo, acontece algum tipo de desequilíbrio metabólico e o paciente apresenta níveis de cálcio acima do recomendado pelos médicos, ele recebe o diagnóstico de hipercalcemia.
O diagnóstico da hipercalcemia é feito por meio de um exame de sangue, que analisa os componentes individuais da corrente sanguínea do paciente.
Em quem ocorre?
Costuma ocorrer em pacientes com neoplasias ( eg, linfomas, metástases e Mieloma Múltiplo),pacientes com DRC ( hiperparatireoidismo secundário) e com Hiperparatireoidismo Primário. Descartar também o uso excessivo de cálcio, vitamina D ou diurético tiazídicos.
Quais as causas da hipercalcemia?
Uma das principais causas da hipercalcemia é o hiperparatireoidismo, que acontece quando há uma alteração no funcionamento das glândulas paratireoides. No entanto, é importante destacar que existem inúmeras outras causas para a hipercalcemia.
É o caso, por exemplo, do excesso de vitamina D resultante do consumo demasiado de vitaminas ou como consequência de outras doenças, como a tuberculose e a sarcoidose. O uso de medicamentos, como o lítio, pode causar hipercalcemia, assim como a ingestão exagerada de cálcio e de antiácidos, na chamada Síndrome Milk-Alkali.
Doenças como a Doença de Addison e a Doença de Paget também podem causar hipercalcemia.
Outra possível causa de hipercalcemia é o câncer e tumores diversos em pontos do corpo do paciente como ossos, rins e intestino, por exemplo. Cerca de 20% dos pacientes com câncer apresentam a hipercalcemia e essa é a desordem metabólica mais comum associada ao câncer. Por isso, ao receber um diagnóstico de hipercalcemia, é importante seguir as orientações médicas para realizar exames e testes e descartar ou confirmar as diferentes hipóteses de diagnóstico.
Quais são os sintomas?
Pacientes podem apresentar: fraqueza muscular, constipação, náuseas, sonolência e desorientação. De maneira mais extrema, o distúrbio pode cursar com ansiedade, delírio, alucinações e psicose aguda. Casos graves apresentam encurtamento do intervalo QT, arritimias, letargia, estupor e podem evoluir para coma.
Os sintomas da hipercalcemia dependem da severidade da alteração dos indicadores de cálcio presentes na corrente sanguínea do paciente.
Nos casos em que a alteração é somente um pouco fora do normal, é possível que o paciente não apresente qualquer tipo de sintoma.
No entanto, quando há uma alteração significativa, alguns dos sintomas de hipercalcemia que o paciente pode apresentar incluem:
- cansaço excessivo;
- sede constante;
- dor de cabeça;
- vontade de urinar frequente ou urinar com uma frequência maior do que o normal;
- perda ou diminuição do apetite;
- náuseas e vômitos;
- cãibras constantes ou espasmos musculares variados;
- funcionamento dos rins alterado ou pedras nos rins;
- confusão mental e dificuldade para pensar;
- depressão;
- dor abdominal;
- intestino preso;
- mudanças no batimento cardíaco, como arritmias cardíacas.
Como é realizado o diagnóstico?
Eminente pela dosagem do cálcio sérico. Investigar a causa com dosagem do PTH. Se elevad, considerar hiperparatireoidismo 1° ou 2°. Se normal, investigar principalmente neoplasias.
Atenção redobrada: deve corrigir cálcio do paciente pela albumina ( Ca++ corrigido = Ca++ mais ( 4-albumina) x 0,8.
Tratamento
O tratamento da hipercalcemia depende de quão fora dos padrões estão os níveis de cálcio no sangue do paciente. Em alguns casos, é preciso apenas tomar alguns medicamentos que balanceiam os níveis de cálcio no corpo e, se o paciente não apresentar alterações no funcionamento dos rins, ele recebe a recomendação de ingerir bastante líquidos.
Nos casos mais severos de hipercalcemia, o tratamento pode envolver o uso de medicamentos e a aplicação de líquidos via endovenosa. A hemodiálise também pode ser recomendada.
Se cálcio > 12 mg/dL = hidratação com cristaloides + Bisfofonatos ( Pamidronato IV 60 – 90 mg em 2h, ou ácido Zolendrônico IV 4 mg em 15 min). Associar Calcitonina 4 UI/kg intra-muscular ou SC sem caso grave ( cálcio >14 mg/dL).