Por RAQUEL LUIZA,
Dentro das Síndromes “BRADIS” já mencionadas em matérias anteriores, as alterações laboratoriais do TSH , T4 E T3 ou histórico de hipo/hipertiroidismo, existe uma possível complicação dessa doença, chamada de Coma Mixedematoso no qual será descrito hoje.
O que é ?
Condição rara causada pela descompensação da deficiênciade hormônio tireoidiano. Trata-se de uma urgência médica potencialmente fatal.
Coma mixedematoso é uma complicação potencialmente fatal do hipotireoidismo, que geralmente ocorre em pacientes com longo história de hipotireoidismo. Suas características incluem coma com hipotermia extrema (temperatura 24° C a 32,2° C), arreflexia, convulsões e depressão respiratória com retenção de dióxido de carbono. Hipotermia grave só pode ser percebida depois que termômetros que mostram leituras baixas são utilizados. O diagnóstico rápido com base na avaliação clínica, história e exame físico é fundamental, porque é provavelmente que ocorra morte sem tratamento rápido. Fatores precipitantes incluem doença, infecção, trauma, fármacos que suprimem o sistema nervoso central e a exposição ao frio.
Em quem ocorre?
Em geral, segue a epidemiologia do hipotireoidismo ( mulheres com idade avançada). Fatores desencadenates conhecidos: infecções, cirurgia, IAM, trauma e exposição ao frio.
Quais são os sintomas?
Pacientes apresentam hipotermia, mixedema, hipoventilação ( possível hipercapnia), hipotensção e bradicardia. Além disso, sçao comuns alterações do status mental: Letargia, confusção. comportamento psicótico ( chamado de loucura Mixedematosa), que potencialmente progride para coma se não tratada.
Como é realizado o diagnóstico?
Pacientes apresentam hipercapnia e hiponatremia. Diagnóstico exige solicitaçãi de dosagem do TSH ( apresenta-se alto), T4 livre ( geralmente baixo) e cortisol ( risco de insuficiência adrenal).
Tratamento
O coma de mixedema é tratado com:
-
T4 IV
-
Corticoides
-
Terapia de apoio, conforme necessário
-
Conversão para T4 oral quando o paciente estiver estável
Os pacientes requerem uma grande dose inicial de T4 (300 a 500 mcg, IV) ou T3 (25 a 50 mcg, IV). A dose de manutenção de T4 é de 75 a 100 mcg, IV uma vez ao dia, e T3, 10 a 20 mcg duas vezes ao dia, até que T4 possa ser administrada por via oral. Corticoides também são administrados, pois a possibilidade de hipotireoidismo central não pode ser excluída inicialmente. O paciente não deve ser reaquecido de forma muito rápida, pois isso pode precipitar hipotensão e arritmias.
Hipoxemia é comum; assim, a PaO2 deve ser monitorada. Se houver comprometimento ventilatório, é necessária ventilação mecânica imediata. O fator precipitante deve ser tratado de modo rápido e adequado e a reposição cuidadosa de líquidos deve ser administrada com cuidado, pois pacientes com hipotireoidismo não excretam água adequadamente. Por fim, todos os fármacos devem ser administrados com cautela, por serem metabolizadas de modo mais lento que em indivíduos saudáveis.
Referência sobre o tratamento
-
1. Jonklaas J, Bianco AC, Bauer AJ, et al: Guidelines for the Treatment of Hypothyroidism: Prepared by the American Thyroid Association Task Force on Thyroid Hormone Replacement. Thyroid 24(12): 1670–1751, 2014. doi: 10.1089/thy.2014.0028