Novo biomarcador sanguíneo pode prever o comprometimento cognitivo no Alzheime

Por Raquel Luiza,


A doença de Alzheimer é a principal causa de demência em todo o mundo. A principal marca da doença é a deposição de proteína amiloide beta mal dobrada no tecido cerebral e a deposição de proteína tau anormal dentro das células neuronais. Por esse motivo, a maior parte da pesquisa foi direcionada para moléculas com capacidade para impedir a deposição dessas proteínas anormais. Ocorre que existem muitos indivíduos com alta carga de deposição de tau e amiloide beta, mas que jamais desenvolverão o comprometimento cognitivo característico da doença.

Agora, pesquisadores da Universidade de Pittsburgh parecem ter resolvido este mistério ao identificarem um biomarcador sanguíneo capaz de prever o declínio cognitivo. A publicação na Nature Medicine conta que o trabalho se deu sobre três cortes com um total de 1.016 idosos cognitivamente normais. Esses indivíduos foram testados para os níveis de deposição de amiloide beta e tau, além de fornecerem amostras sanguíneas para a dosagem de biomarcadores de ativação de astrócitos.

O biomarcador em estudo foi a proteína ácida fibrilar glial (GFAP). Um estudo anterior da equipe mostrou que a neuroinflamação mediada por astrócitos ativados desencadeia a disseminação de proteínas patologicamente mal dobradas no cérebro e é uma causa direta de eventual comprometimento cognitivo em pacientes com doença de Alzheimer.

No estudo atual, ao cruzarem os dados de deposição proteica e dosagem do GFAP, demonstraram que apenas aqueles participantes que foram positivos tanto para amiloide quanto para GFAP de ativação de astrócitos apresentaram evidências de desenvolvimento progressivo da patologia tau, indicando predisposição a sintomas clínicos da doença de Alzheimer.

Segundo os autores, suas descobertas têm implicações diretas para futuros ensaios clínicos de candidatos a medicamentos para Alzheimer. Adicionar o biomarcador de ativação astrocitária GFAP pode refinar o recrutamento para futuros ensaios clínicos ao excluir da seleção aqueles que, apesar de sinais de deposição proteica anormal no cérebro, ao não exibirem GFAP, permanecerão cognitivamente normais com o passar do tempo.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41591-023-02380-x

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