Por Raquel Luiza,
Hiperprolactinemia é uma condição caracterizada por elevação dos níveis de prolactina no sangue. A prolactina é uma hormona produzida pela hipófise, cuja função primária é aumentar o desenvolvimento das glândulas mamárias durante a gravidez e induzir a produção de leite materno após o parto.
Este problema ocorre em menos de 1% da população geral e em 10 a 40% de mulheres com amenorreia secundária (mulheres em idade fértil que deixaram de menstruar).
A hiperprolactinemia é a alteração endócrina mais comum do eixo hipotálamo‐hipofisário, com uma prevalência de 0,4% na população adulta. Em idade pediátrica, os dados disponíveis são escassos, pelo que a sua prevalência ainda não está definida
Existe o aumento da secreção de prolactina, hormônio responsável por preparar a glândula mamária durante a gravidez e estimular a produção de leite durante a lactação.
A secreção de prolactina aumenta fisiologicamente durante a gravidez e a lactação. Além disso, seus níveis aumentam devido ao efeito de drogas (tenotiazinas, metoclopramida, alfa-metildopa, estrogênios), tumores hipofisários, patologias hipotalâmicas, hipotireoidismo primário, doença policística do ovário ou cirrose hepática.
A prolactina é uma hormona secretada de forma pulsátil pelas células lactotróficas da hipófise anterior, que tem como principal função a indução e manutenção da lactação. O hipotálamo controla os seus níveis séricos através da dopamina, que se liga aos receptores D2 dos lactotrofos, inibindo a sua secreção3. Deste modo, qualquer processo que interfira com a síntese, transporte à glândula pituitária ou ação sobre os recetores da dopamina na hipófise, produz hiperprolactinémia. Dentro dos fatores que induzem a secreção da prolactina encontram‐se: os estrogénios, a hormona libertadora de tirotropina (TRH), o fator de crescimento epidérmico e o peptídeo intestinal vasoativo (VIP).
A causa mais frequente é o prolactinoma, o tumor glandular mais prevalente da hipófise.
Quais as causas da Hiperprolactinemia?
Existem várias causas para a hiperprolactinemia, tanto fisiológicas como patológicas.
Causas fisiológicas
Gravidez e aleitamento.
Estimulação manual dos mamilos.
Stress físico ou psicológico.
Colheita de sangue sem ser em jejum.
Efeito de medicamentos (estrogénios, antiandrogénios, fenotiazinas e butirofenonas, risperidona, domperidona, metoclopramida, sulpiride, cimetidina, metildopa, antidepressivos tricíclicos, opióides, cocaína).
Causas patológicas
Lesão na parede torácica por cirurgia ou trauma, insuficiência renal ou hepática, hipotiroidismo. Tumor benigno da hipófise, produtor de prolactina (prolactinoma) ou não secretor.
Geralmente não existe um teste específico que ajude, com segurança, a definir a causa da hiperprolactinemia. No entanto, quando os níveis de prolactina são superiores a 250 ng/ml, é provável que seja um prolactinoma, sendo essa probabilidade muito reduzida se os níveis de prolactina forem inferiores a 100 ng/ml. Quando existe um tumor da hipófise com níveis de prolactina inferiores a 100 ng/dl, trata-se muito provavelmente de um tumor não secretor de prolactina.
Os prolactinomas podem ser divididos em 2 grupos: microprolactinomas (mais comuns em mulheres pré-menopáusicas), se o tumor for inferior a 10 mm, e macroprolactinomas (mais comuns nos homens e mulheres pós-menopáusicas), quando o tumor tem dimensões iguais ou superiores a 10 mm. Quando não se encontra uma causa fisiológica (stress, medicamentos) para a hiperprolactinemia e o exame de imagem não mostra qualquer tumor da hipófise, dizemos que se trata de uma hiperprolactinemia idiopática.
Quais são os sintomas da hiperprolactinemia?
Nas mulheres, o excesso de prolactina causa galactorreia (produção de leite fora da lactação) e alterações do ciclo menstrual, como oligomenorreia (ausência de menstruação) e infertilidade.
Nos homens, ocorre diminuição da libido, impotência e infertilidade.
Os tumores hipofisários podem causar sintomas visuais (diminuição do campo visual e hídrico e dor de cabeça.
Como é realizado o diagnóstico?
É baseado no quadro clínico e na detecção de níveis elevados de prolactina no sangue.
Em pacientes com amenorreia e hiperprolactinemia, a gravidez deve ser descartada.
O diagnóstico do prolactinoma é feito com base em exames de imagem, principalmente a ressonância magnética com contraste (gadolínio). Se houver contraindicação à ressonância magnética, um tumor axial computadorizado pode ser realizado como alternativa. Falamos em microprolactinomas quando o tamanho é menor que 10 mm e em microprolactinomas quando o tamanho é maior.
TRATAMENTO
Microprolactinomas requerem tratamento apenas quando produzem Hipogonadismo grave com risco de desmineralização óssea, infertilidade com desejo de gravidez ou sintomas clínicos de galactorreia persistente e incômoda para a paciente. Baseia-se no uso de agonistas da dopamina: bromocriptina, cabergolina, pergolida, quinagolina ou lisurida, sendo os dois primeiros os mais utilizados.
Caso a paciente apresente microprolactinomas e deseje tratamento para restaurar a fertilidade, a bromocriptina é o tratamento de escolha, tendo em vista sua segurança durante a gravidez.
Nos microprolactinomas o tratamento é clínico e eventualmente cirúrgico se houver envolvimento campimétrico após três meses do início do tratamento, por meio de cirurgia transfenoidalPRINCI (raramente curativa).
FONTES:
- H. Fideleff, M. Suárez, M. Lano, A. Sequera, G. Ruibal, H. Boquete.
- T. Mancini, F. Casanueva, A. Giustina.
- S. Melmed, F. Casanueva, A. Hoffman, D. Kleinberg, V. Montori, J. Schlechte, et al.
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E. Torres, R. Reyes, D. Fernández-García, G. Alonso.Hiperprolactinemia.Endocrinol Nutr, 52 (2005), pp. 59-64