Estudo genômico sugere oportunidade para abordagem hormonal no câncer endometrial

Por RAQUEL LUIZA,


O câncer de endométrio é a quinta neoplasia mais comum entre as mulheres, sendo responsável por quase 400.000 casos e quase 100.000 mortes anuais. Para essas mulheres, a principal alternativa de tratamento hoje é a histerectomia, um procedimento cirúrgico invasivo e não isento de complicações.

O risco de câncer endometrial é provavelmente influenciado por diferentes fatores, sendo que a literatura já confirmou alguns deles como IMC alto, menarca precoce, baixa globulina de ligação aos hormônios sexuais (SHBG), aumento do estradiol sérico, aumento da insulinemia de jejum.

A novidade é que um estudo conduzido por pesquisadores do QIMR Berghofer mostrou uma potencial e inesperada associação com os níveis de testosterona, o que pode futuramente levar à construção de novas abordagens para a doença. A publicação na revista iScience conta que o esforço de pesquisa envolveu a utilização de abordagem GWAS multicaracterística recentemente desenvolvida, o método Bayesian GWAS (bGWAS).

Resumidamente, o método usa antecedentes derivados de análises de randomização mendeliana de fatores de risco em uma estrutura baynesiana para identificar variantes genéticas associadas a uma característica de interesse. Esta abordagem não só evidencia o loci genético associado a uma característica, mas também destaca fatores de risco que podem mediar seus efeitos através de loci específico.

No estudo atual, a investigação sobre o genoma terminou por ratificar os fatores de risco já consagrados para o câncer endometrial, mas trouxe a inesperada surpresa relativa à influência da testosterona sobre a doença.

Segundo os autores, mulheres com níveis mais altos de testosterona teriam maior risco de desenvolver neoplasia endometrial. No estudo, esse efeito da testosterona foi sugerido pela identificação do locus 7q22.1. Entre outros loci de risco identificados no trabalho, o 7q22.1 teve sua significância confirmada em um segundo conjunto de dados, interessante que esse locus pode influenciar o risco de câncer endometrial por meio de aumento dos níveis de testosterona.

O mecanismo envolvido nos níveis altos de testosterona está relacionado ao gene CYP3A7, sabidamente envolvido no metabolismo da testosterona. Animados com a esperança de que uma intervenção hormonal possa aprimorar o tratamento do câncer de endométrio, os autores seguem trabalhando para identificar novos genes que possam ser direcionados para o tratamento da doença.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.cell.com/iscience/fulltext/S2589-0042(23)00667-3?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS2589004223006673%3Fshowall%3Dtrue

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