Por Raquel Luiza,
A doença periodontal é um processo infeccioso crônico da mucosa gengival que diferentes estudos já associaram a aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A principal hipótese para a correlação é que a inflamação de baixo grau promovida pelo processo infeccioso crônico liberaria fatores inflamatórios que, uma vez na circulação sistêmica, provocariam danos ao sistema cardiovascular.
A novidade é que pesquisadores da Mount Royal University, no Canadá, afirmam terem desenvolvido uma estratégia simples para identificar os primeiros sinais de alerta para o risco de doenças cardiovasculares a partir de uma avaliação ambulatorial. A publicação na revista Frontiers in Oral Health traz as principais conclusões do estudo.
Para uma análise transversal e correlacional, os pesquisadores recrutaram 28 participantes jovens (18–30 anos) e sistemicamente saudáveis (16 homens e 12 mulheres). Os participantes eram não fumantes e sem histórico de doença periodontal. Todos foram orientados a jejuar (exceto água) por seis horas antes da avaliação. A seguir, os participantes fizeram enxague na boca com água antes de enxaguar a boca com soro fisiológico, que foi coletado para análise.
Os participantes então se deitaram por 10 minutos para um eletrocardiograma e permaneceram deitados por mais 10 minutos para que os cientistas pudessem medir sua pressão arterial, dilatação mediada por fluxo e velocidade de onda de pulso. No desenho do estudo, o enxague oral se destinou a avaliação do número de glóbulos brancos como um indicativo dos níveis de inflamação tecidual.
Já a avaliação cardiovascular tinha a velocidade de onda de pulso como um indicador de rigidez arterial, ou seja, um indicador presente de alteração vascular, ao passo que a aferição da dilatação mediada por fluxo foi destinada à indicação de disfunção vascular com risco futuro de lesão.
Na avaliação dos resultados, foi visto que os glóbulos brancos elevados na saliva mostraram relação significativa com a má dilatação mediada pelo fluxo, sugerindo que essas pessoas podem estar em risco elevado de doença cardiovascular. No entanto, não houve relação entre os glóbulos brancos e a velocidade da onda de pulso, portanto, impactos de longo prazo na saúde das artérias ainda não haviam ocorrido.
Segundo os autores, os resultados iniciais são relevantes e por isso a ideia é fortalecê-los aumentando a população do estudo e incluindo participantes com diferentes graus de doença periodontal para entender o impacto de diferentes graus de inflamação gengival para o risco cardiovascular. Se tudo se confirmar, esse tipo de avaliação simples poderia ser incluída na consulta de rotina anual do dentista ou do médico generalista.
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Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/froh.2023.1233881/full