Por RAQUEL LUIZA,
A mortalidade pelo câncer de mama se deve quase que exclusivamente à formação de metástases e ao surgimento de resistência medicamentosa. Portanto, torna-se claro e urgente compreender os mecanismos subjacentes a esses dois eventos de forma a intervir para melhorar os resultados clínicos.
A novidade é que pesquisadores da Universidade de Tel Aviv anunciaram a identificação de um importante mecanismo envolvido na formação de metástases e uma estratégia promissora para combatê-lo. A publicação na Nature Communications conta que o foco principal do trabalho foi o câncer de mama triplo negativo (TNBC), forma mais agressiva de câncer de mama.
A falta de expressão de receptores hormonais e a não superexpressão de HER2 fazem com que a principal forma de lidar com a doença metastática seja uma combinação de quimioterápicos. No estudo, modelos murinos de TNBC foram tratados conforme o protocolo humano, cirurgia + quimioterapia (QT), ao passo que outro grupo de animais não recebeu QT e serviu como controle.
No acompanhamento, a descoberta mais preocupante foi que ambos os grupos de animais desenvolveram metástases pulmonares em intensidade semelhante, apesar do tratamento quimioterápico em um dos grupos. Estudando o tecido pulmonar dos animais que receberam QT, foi descoberta a ocorrência de extensa reação inflamatória em resposta à QT que serviu para sustentar as micrometástases e ajudá-las a se transformarem em tumores metastáticos completos.
Mecanisticamente, a quimioterapia ativa fibroblastos associados ao câncer (CAFs) que passam a secretar proteínas da via do Complemento. Essas proteínas do Complemento, por sua vez, recrutam células supressoras derivadas mieloides (MSDCs) que promovem disfunção nas células T que deveriam combater o tumor.
O mesmo mecanismo foi visto em camundongos sem tumor que receberam quimioterapia e tiveram injetadas células de TNBC, o que resultou em mais implantes. Para combater esse mecanismo, os pesquisadores associaram à QT dois agentes antagonistas de receptores do Complemento (C3ar e C5ar1).
A intervenção elevou de 32% para 67% a porcentagem de animais que não desenvolveram metástase e reduziu a colonização pulmonar com metástases de 52% com a QT regular para 6% com o tratamento combinado.
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