Sobreviventes de câncer de mama mostram envelhecimento mais acelerado

Por RAQUEL LUIZA,


Novas pesquisas indicam que sobreviventes mais velhos de câncer de mama experimentam envelhecimento acelerado e piores resultados funcionais. Um estudo multicêntrico, envolvendo pesquisadores do Medical College of Wisconsin e outros centros de câncer renomados, examinou se o câncer e seus tratamentos têm um efeito acelerador no envelhecimento.

Os pesquisadores utilizaram medidas epigenéticas para avaliar o envelhecimento biológico e descobriram que sobreviventes mais velhos de câncer de mama, especialmente aqueles submetidos à quimioterapia, apresentavam maior envelhecimento epigenético em comparação com indivíduos da mesma idade sem câncer. Essa aceleração do envelhecimento pode estar relacionada a resultados funcionais adversos.

A publicação na Cancer conta que o estudo se baseou em dados da coorte Thinking and Living with Cancer (TLC) e avaliou o envelhecimento biológico de participantes em dois momentos, entre 24 e 60 meses após a inscrição. A faixa etária dos participantes variou entre 62 e 84 anos, e a maioria tinha câncer de mama em estágio inicial. Cerca de um terço dos sobreviventes (32,6%) havia recebido quimioterapia.

As descobertas sugerem que o envelhecimento epigenético pode ser um indicador útil na identificação de sobreviventes de câncer com maior risco de resultados ruins e baixa qualidade de vida. Os resultados indicaram que os sobreviventes apresentavam uma idade biológica superior à dos controles após 24 meses da inscrição e essa diferença persistiu por até 60 meses. Especificamente, os sobreviventes que passaram por quimioterapia exibiram as maiores diferenças e entre as mulheres com uma idade epigenética mais avançada observou-se uma pior função cognitiva.

Os autores ressaltam que essas descobertas podem influenciar futuras pesquisas que visem identificar marcadores biológicos do envelhecimento como ferramentas clínicas para identificar sobreviventes de câncer em maior risco de resultados adversos. Isso poderia levar a intervenções preventivas ou retardadoras de declínios funcionais e melhorar a qualidade de vida após o tratamento do câncer.

A exposição aos tratamentos do câncer, principalmente à quimioterapia, mostrou-se associada a um envelhecimento biológico mais rápido, apoiando a ideia de que alguns tratamentos contra o câncer podem acelerar o envelhecimento. Os pesquisadores também destacam a importância de considerar as diferenças na idade biológica subjacente e na capacidade de suportar os efeitos da terapia contra o câncer, mesmo entre indivíduos com a mesma idade cronológica.

Medidas como a idade epigenética podem fornecer informações valiosas para cuidados e avaliações geriátricas, ajudando a personalizar o tratamento e melhorar os resultados em sobreviventes de câncer de mama. Embora esse estudo tenha se concentrado no câncer de mama, há indícios de que esses mecanismos também possam ser relevantes para outros tumores, como os de cabeça e pescoço.

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Fonte: https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/cncr.34818

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