Estudo descobre que dieta pode influenciar o número de plaquetas

Por RAQUEL LUIZA,


 

As plaquetas, ou trombócitos, são um hemocomponente que participa nos primeiros estágios do processo de coagulação sanguínea. Esses pedaços de célula anucleados derivados dos megacariócitos podem ter seu número reduzido na circulação por diferentes motivos.

Para as pessoas com plaquetopenia e, consequentemente, sob risco de sangramento aumentado, a única opção disponível atualmente é a transfusão deste hemocomponente.

A novidade é que pesquisadores do Boston Children’s Hospital descobriram que uma simples alteração dietética pode promover maior produção e aumento do número de plaquetas circulantes. Essas curiosas informações foram publicadas recentemente na revista Nature Cardiovascular Research.

A ideia inicial do grupo era estudar a membrana dos megacariócitos, um esforço difícil devido à sua localização restrita à medula óssea. No estudo, técnicas de lipidômica foram aplicadas para investigar o conteúdo de gorduras presentes nas membranas celulares dessas células e isso revelou para a equipe que essas membranas são enriquecidas em ácidos graxos poliinsaturados (PUFAS) como aqueles contidos no azeite de oliva.

Foi visto que os PUFAS são tão mais enriquecidos nas membranas dos megacariócitos quanto mais perto essas células estão de produzirem projeções de membrana que darão origem às futuras plaquetas. E também que os megacariócitos mais enriquecidos em PUFAS foram aqueles que na média produziram maiores quantidades de plaquetas nos experimentos do grupo. Por outro lado, quando os megacariócitos foram cultivados em ambiente rico em gorduras saturadas, ocorreu o inverso, com menor produção de plaquetas.

Avançando os estudos para modelos murinos, os pesquisadores descobriram ser possível aumentar a contagem de plaquetas dos camundongos alimentando-os com PUFAS enquanto a dieta rica em gorduras saturadas teve o efeito de reduzir essa contagem. Outro ponto interessante do estudo é que o receptor CD36 foi encontrado como o responsável pela absorção pelos megacariócitos de PUFAS do sangue e seu bloqueio intencional resultou em plaquetopenia. Também foi encontrada uma família humana com vários membros apresentando mutação no CD36, trombocitopenia e um membro com episódios de sangramento aumentado.

Segundo os autores, embora possa ser vantajoso e seguro indicar que pacientes com trombocitopenia consumam mais azeite, provavelmente um medicamento desenvolvido para este fim pode ser mais prático. No momento, a ideia do grupo é identificar as enzimas envolvidas na produção dos PUFAS.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.nature.com/articles/s44161-023-00305-y

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