Por RAQUEL LUIZA,
O glúten constitui um importante componente dietético na maioria das sociedades contemporâneas e é amplamente disponível em alimentos como o trigo. Infelizmente, algumas pessoas desenvolvem diferentes graus de intolerância ao glúten no trato gastrointestinal, sendo aconselhável que evitem este tipo de alimento.
Estudos em camundongos também comprovaram que o glúten promove aumento de massa corporal e inflamação no sistema nervoso entérico e trato gastrointestinal. A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Otago também descobriu que o glúten pode promover inflamação cerebral.
A publicação do grupo no Journal of Neuroendocrinology traz os dados de um estudo em modelo murino para avaliar os efeitos do glúten sobre o peso corporal, marcadores metabólicos e inflamação cerebral. Sendo assim, um grupo de ratos machos foi dividido para receberem uma dieta padrão, que consistiu em dieta com baixo teor de gordura(LFD) enriquecida com 4,5% de glúten correspondente ao consumo humano médio diário ou uma dieta rica em gordura (HFD) enriquecida com 4,5% de glúten. Parte dos animais recebeu as mesmas dietas, mas sem a adição de glúten.
Após 14 semanas, o glúten adicionado à dieta com baixo teor de gordura não alterou o peso corporal. Entretanto, quando adicionado à dieta rica em gordura o glúten promoveu maior aumento de peso que a dieta rica em gordura isoladamente.
Foi descoberto que o glúten, quando adicionado ao LFD, aumenta os níveis circulantes de proteína C-reativa. O glúten adicionado a qualquer das dietas do estudo levou a um aumento profundo no número de microglia e astrócitos no núcleo arqueado do hipotálamo, conforme detectado por imuno-histoquímica para a molécula adaptadora de ligação de cálcio ionizado 1 (Iba-1) e proteína glial fibrilar ácida (GFAP), respectivamente.
O glúten também mimetizou o efeito imunológico e inflamatório da dieta rica em gordura quando adicionado ao LFD. E quando adicionado à dieta rica em gordura, o glúten potencializou o surgimento de células imunorreativas.
Segundo os autores, seus dados suportam a hipótese de que o glúten promove inflamação hipotalâmica que, no longo prazo, pode comprometer a regulação do peso corporal e do metabolismo glicêmico, funções reguladas pelo hipotálamo. Por fim, os autores sustentam que esse novo conhecimento precisa ser extrapolado para seres humanos por meio de novos estudos que também avaliem se astro e microgliose induzida por glúten também podem se desenvolver em indivíduos sensíveis ao glúten.
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Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jne.13326