Por Raquel Luiza,
O câncer em geral surge após um erro no processo de reparo e replicação do DNA que resulta em material genético que prolifera sem controle. Algumas dessas vias de alteração genética e desregulação de vias de sinalização no câncer são regidas por oncogenes como MYC, mutantes p53 e E2F1.
Sendo assim, desenvolver produtos capazes de atingir cada uma dessas vias e processos que estão alterados no câncer é uma forma em potencial de se chegar a novas terapias. A novidade é que pesquisadores do Baylor College of Medicine anunciaram terem identificado uma pequena molécula capaz de atingir diversas dessas vias patológicas sem aparente efeito colateral. A publicação em Proceedings of National Academy of Sciences conta que essa pequena molécula recebeu o nome de 5D4.
Em essência, o 5D4 é o resultado de um trabalho de muitos anos de triagem progressiva de mais de 200.000 compostos seguida de múltiplas rodadas de otimização de compostos com base em análise estrutural. O 5D4 foi testado com sucesso em modelos animais de câncer, especialmente cânceres de mama e ovário.
Experimentos mostraram que 5D4 tem atividade efetiva ligando-se à proteína TopBP1 nas células cancerígenas, interrompendo as suas interações com várias vias que promovem o crescimento do câncer. A proteína TopBP1, por sua vez, está em um ponto convergente de múltiplas vias celulares envolvidas no crescimento celular normal e no crescimento e progressão do câncer, tornando-a uma candidata potencial para terapia direcionada ao câncer.
Como programado pelos pesquisadores, a ligação TopBP1-5D4 regula negativamente as vias de crescimento que promovem progressão tumoral como MYC, p53, E2F1e a chamada recombinação homóloga.
Uma descoberta importante e digna de nota é que 5D4 regula negativamente todas essas vias de progressão tumoral sem aparentemente afetar as vias de sinalização associadas à proliferação celular normal. Outra descoberta importante dos pesquisadores foi a de que a associação do inibidor TopBP1 5D4 com o medicamento inibidor de PARP talazoparibe resultou em grande potencialização de atividade antitumoral.
Por fim, os autores afirmam que seus resultados, ainda que precisem ser confirmados por mais estudos, sustentam firmemente a utilização dos inibidores TopBP1 como forma de terapia direcionada contra o câncer.
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