Por RAQUEL LUIZA,
Pesquisadores da Universidade de Tsukuba, no Japão, estão explorando uma nova abordagem para o diagnóstico precoce do Alzheimer por meio da fala. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência globalmente, porém, a falta de ferramentas de diagnóstico eficazes frequentemente atrasa o diagnóstico e as intervenções que poderiam retardar sua progressão.
O estudo, publicado na revista Computer Speech & Language, destaca o desenvolvimento de uma ferramenta que utiliza a fala como fonte de dados para detectar deficiências linguísticas nos estágios iniciais da doença. O desafio enfrentado pelos pesquisadores foi a precisão do reconhecimento automático da fala, que tende a ser menos eficaz em idosos, dificultando o desenvolvimento da ferramenta.
O aplicativo desenvolvido registra a voz do usuário enquanto executa uma série de tarefas neuropsicológicas, como descrever imagens e realizar tarefas verbais. Em seguida, um algoritmo de inteligência artificial processa os dados para identificar padrões de fala mais comuns em portadores de déficit cognitivo leve e Alzheimer, em comparação com indivíduos saudáveis.
Durante o estudo, o aplicativo foi testado em 114 participantes, incluindo indivíduos saudáveis, portadores de déficit cognitivo leve e pacientes com Alzheimer. Os resultados demonstraram que o grau de comprometimento da linguagem pode ser estimado com precisão, mesmo em condições de reconhecimento de fala menos precisas. A ferramenta foi capaz de identificar portadores de Alzheimer e déficit cognitivo leve com uma precisão de 91% e 88%, respectivamente.
Os pesquisadores enfatizam que esta é a primeira vez que uma ferramenta de triagem automática e autoadministrada para o diagnóstico de déficit cognitivo leve e Alzheimer é viável. Ao capturar deficiências de linguagem de forma confiável, mesmo com dados de fala obtidos em condições menos ideais, a ferramenta pode ampliar o acesso a um diagnóstico precoce dessas condições.