Por RAQUEL LUIZA,
A alimentação dos pais tem um impacto direto na dieta dos filhos, conforme alerta Alana Gouveia, nutricionista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). “Mesmo que a introdução alimentar seja feita corretamente, a criança vai querer comer o mesmo que a família. Se a família consome batata frita, a criança vai questionar por que precisa comer brócolis,” explica a profissional.
Nutricionista da SES-DF, Alana Gouveia aponta que filhos tendem a imitar o que veem os pais comendo. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF
Influência Desde a Gestação
Gouveia aponta que a influência começa ainda na gestação. “O que a mãe come durante a gravidez já afeta a padronização genética do bebê. O líquido amniótico muda de sabor, fazendo com que a criança desenvolva um paladar tendente a alimentos mais doces ou frituras, com efeitos que podem durar até a terceira geração,” destaca.
Exemplo Real
Tainane Martins, mãe de Alice, de 6 anos, acompanha de perto a alimentação da filha, sob orientação da equipe de pediatras da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 da Estrutural. “Ofereço muita fruta e verdura. Ela come o que eu como, então tomo cuidado com o que coloco no prato para ser um bom exemplo,” conta Tainane. Alice participa na preparação dos pratos, escolhendo ingredientes para saladas e feijão. “Ela ama cenoura picadinha no feijão, foi ideia dela e até que fica bom,” comenta.
Tainane Martins (28) cuida de perto da alimentação da filha Alice (6). “Ela ama cenoura picadinha no feijão, foi invenção dela e até que fica bom”. Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde-DF
Para que hábitos saudáveis sejam mantidos, é essencial que sejam praticados e vistos pelas crianças. “Os pais precisam dar um exemplo real dentro de casa. Se querem que o filho coma arroz, feijão, brócolis e ovos, devem mostrar isso na prática,” afirma Gouveia. Ela recomenda que os pais adotem uma alimentação mais natural e mostrem que doces, refrigerantes e fast food são exceções, não parte do dia a dia.
Consultando um Nutricionista
Caso a criança apresente alta seletividade alimentar, é importante procurar um nutricionista. Reapresentar alimentos pode ser necessário para ensinar a criança a comer de forma saudável. “Consultar um nutricionista para abordar e orientar a criança corretamente é ideal. As UBSs oferecem apoio para esse acompanhamento,” explica a nutricionista.
Evitar Distrações Durante as Refeições
Outra dica crucial é evitar distrações como televisores e celulares durante as refeições. “Consumir alimentos diante de uma tela faz com que não prestemos atenção ao que estamos ingerindo ou às pessoas ao nosso redor,” alerta Gouveia.
Refeições em Família
Compartilhar refeições em família fortalece os laços e traz benefícios significativos à saúde das crianças. Pesquisas da Universidade de Harvard revelam que crianças que jantam regularmente com a família consomem mais nutrientes, têm menor índice de obesidade e ingerem menos calorias comparado às refeições fora de casa.
Ambiente Escolar
A escola também desempenha um papel crucial na promoção de bons hábitos alimentares, já que muitas refeições são feitas lá. A obesidade infantil é uma preocupação central do Programa Saúde na Escola (PSE) da SES-DF. “A refeição nas escolas melhorou nos últimos anos, mas precisamos conscientizar as famílias,” explica Claudia Nogueira, gerente da UBS 1 do Riacho Fundo.
A UBS lançou uma ação em seis escolas públicas da região para focar na alimentação saudável. “Pesamos mais de 90% das crianças, identificando aquelas com obesidade, sobrepeso e baixo peso,” relata a gerente. Os jovens foram divididos em equipes para acompanhamento, exames e consultas. “Nosso objetivo é replicar essa prática em várias outras escolas da capital,” complementa.
*Com informações da Secretaria de Saúde do DF
