Por RAQUEL LUIZA,
O linfoma não Hodgkin (LNH) é um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada.Os linfomas são proliferações neoplásicas do sistema linfático.
O sistema linfático faz parte do sistema imunológico, que ajuda o corpo a combater doenças. Como o tecido linfático é encontrado em todo o corpo, o linfoma pode começar em qualquer lugar. Pode ocorrer em crianças, adolescentes e adultos. De modo geral, o LNH torna-se mais comum à medida que as pessoas envelhecem.
Esse grupo de linfomas é caracterizado por proliferação monoclonal (tumor) de linfócitos, geralmente do tipo B.
Está associada a comprometimento da imunidade (transplantes, infecção pelo HIV), tratamento prévio com radioterapia ou quimioterapia ou infecção por vírus ou Helicobacter pylori.
Eles são mais comuns do que a doença de Hodgkin.
Existem dois grandes grupos de linfomas: aqueles com um comportamento clínico indolente (linfomas de baixo grau), geralmente foliculares e de pequenas células B, com uma resposta variável à quimioterapia, mas que em alguns casos podem não exigir tratamento; e linfomas agressivos (de alto grau), muitas vezes difusos e com celularidade de células linfoides predominantemente grandes, que requerem tratamento quimioterápico (que pode induzir remissão completa) sem demora, pois seu curso natural é de rápido crescimento levando à morte do paciente.
Por razões ainda desconhecidas, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.
Entre os linfomas, é o tipo mais incidente na infância. Os homens são mais predispostos do que as mulheres.
Sinais e sintomas do Linfoma não Hodgkin
O linfoma não Hodgkin pode causar diferentes sinais e sintomas, dependendo do tipo de linfoma e da sua localização no corpo. Em alguns casos, pode não causar quaisquer sintomas até que cresça o suficiente. Os sinais e sintomas em geral, apresenta-se com aumento dos linfonodos (adenopatia), principalmente na região cervical ou mediastinal.
Pode haver dispneia (sensação de falta de ar) devido ao crescimento dos nódulos mediastinais, ou dor abdominal, distensão e anorexia (perda de apetite) devido à linfadenopatia abdominal, sensação de saciedade após uma pequena refeição, pressão no peito e inchaço no abdome.
Com menos frequência do que na doença de Hodgkin, aparecem febre, suores noturnos, calafrios, fadiga, perda de peso e coceira (sintomas B). Também pode ocorrer infecções graves ou frequentes e hematomas ou hemorragias.
Além desses sinais e sintomas, que dependem da região do corpo onde começa o linfoma não Hodgkin, algumas pessoas podem apresentar sintomas conhecidos como B:
- Febre.
- Sudorese noturna.
- Perda de peso.
Aumento dos Linfonodos
O linfoma não Hodgkin pode provocar aumento dos gânglios linfáticos. Quando isto ocorre, nos linfonodos próximos à superfície do corpo, como, por exemplo, no pescoço, virilha ou axilas, podem ser vistos ou sentidos como nódulos sob a pele, geralmente indolores.
Embora o aumento nos linfonodos seja um sintoma comum de linfoma, é muito mais frequentemente provocado por infecções. Os gânglios linfáticos que crescem em reação à infecção são denominados linfonodos reativos ou linfonodos hiperplásicos e geralmente são sensíveis ao toque.
Inchaço no Abdome
O inchaço no abdome pode ser causado pelo aumento dos linfonodos, mas também podem ser devido ao acúmulo de líquido.
O linfoma pode aumentar o baço de tal forma que ele passe a comprimir o estômago. Isso pode provocar a sensação de saciedade após uma pequena refeição.
Quando o linfoma está localizado nos intestinos ou provoca inchaço próximo aos mesmos, o trânsito intestinal pode ser alterado, levando a dores abdominais, náusea ou vômitos.
Linfoma no Tórax
Quando um linfoma começa no timo ou nos gânglios linfáticos do tórax, pode pressionar a traqueia, provocando tosse ou dificuldade respiratória ou sensação de dor ou pressão no tórax.
A veia cava superior é a veia que transporta o sangue da cabeça e braços de volta ao coração. Ela passa perto do timo e gânglios linfáticos dentro do tórax. Os linfomas nessa área podem “empurrar” a veia cava superior, fazendo com que o sangue retorne. Isto pode provocar inchaço na cabeça, braços e parte superior do tórax. Também pode provocar problemas respiratórios e alteração na consciência se afetar o cérebro. Esta condição, conhecida como síndrome da veia cava superior, pode ser fatal e deve ser tratada imediatamente.
Linfoma no Cérebro
Os linfomas cerebrais, denominados linfomas cerebrais primários, podem provocar dores de cabeça, problemas de concentração, fraqueza em determinadas partes do corpo, alterações de personalidade e, às vezes, convulsões.
Outros tipos de linfoma podem se disseminar para o cérebro e medula espinhal, provocando alterações, como visão dupla, dormência facial e dificuldade para falar.
Linfoma na Pele
Os linfomas de pele podem ser vistos ou sentidos. Eles muitas vezes aparecem coceira, vermelhidão ou inchaços roxos ou inchaços sob a pele.
Como é realizado o diagnóstico
São necessários vários tipos de exames para o diagnóstico adequado do linfoma não-Hodgkin. Esses exames permitem determinar o tipo exato de linfoma e esclarecer outras características, cujas informações são úteis para decidira forma mais eficaz de tratamento.
Exames de sangue
Os exames de sangue não são usados para diagnosticar o linfoma, mas às vezes podem ajudar no estadiamento da doença:
- Hemograma completo. Determina os diferentes níveis das células sanguíneas. Em pacientes já diagnosticados com linfoma, a baixa contagem das células sanguíneas pode significar que o linfoma está crescendo na medula óssea e que já está afetando a formação de novas células sanguíneas.
- Exames bioquímicos são realizados para verificar o funcionamento das funções renal e hepática.
- Se o linfoma foi diagnosticado, o nível de lactato desidrogenase (LDH) pode ser verificado. Os níveis de LDH estão geralmente aumentados em pacientes com linfomas.
- Para alguns tipos de linfoma, o médico pode solicitar outros exames de sangue para verificar se o paciente foi infectado com determinados vírus, como o vírus da hepatite B (HBV), vírus da hepatite C (HCV), ou vírus da imunodeficiência humana (HIV), uma vez que as infecções com esses vírus podem afetar o tratamento.
Exames da função cardíaca e pulmonar
Estes exames não são usados para diagnosticar o linfoma, mas podem ser feitos se o paciente for usar determinadas medicamentos quimioterápicos comumente administrados no tratamento do linfoma, que podem afetar o coração ou os pulmões:
- A função cardíaca pode ser analisada com um ecocardiograma ou um MUGA.
- A função pulmonar pode ser analisada com exames de função pulmonar.
Entre os exames indicados, estão a biópsia (retirada de pequena porção de tecido, em geral dos gânglios linfáticos, para análise em laboratório de anatomia patológica), punção lombar, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Após a confirmação do diagnóstico, a doença é classificada de acordo com o tipo de linfoma (indolente, ou seja, de crescimento relativamente lento; ou agressivo, de alto grau e desenvolvimento rápido) e o estágio em que se encontra. Os linfomas indolentes correspondem a aproximadamente 40%, e os agressivos, aos 60% restantes.
Há vários tipos de biópsia, incluindo os seguintes:
- Biópsia excisional ou incisional – através de uma incisão na pele, retira-se o linfonodo por inteiro (excisional) ou uma pequena parte do tecido acometido (incisional). É considerada o padrão de qualidade para o diagnóstico dos linfomas;
- Punção aspirativa por agulha fina – retira-se pequena porção de tecido por aspiração por meio de agulha;
- Biópsia e aspiração de medula óssea – retira-se pequena amostra da medula óssea (biópsia) ou do sangue da medula óssea (aspiração) por meio de uma agulha. Esse exame é necessário para definir se a doença estende-se também à medula óssea, informação importante para a decisão do tratamento a ser empregado;
- Punção lombar – retira-se pequena porção do líquido cerebroespinhal (líquor), que banha o cérebro e a medula espinhal (não confundir com medula óssea). Esse procedimento determina se o sistema nervoso central foi atingido.
Detecção Precoce do Linfoma Não Hodgkin
Atualmente, não existem exames de rastreamento recomendados para o linfoma não Hodgkin. Ainda assim, em alguns casos o linfoma pode ser diagnosticado precocemente.
A melhor maneira de diagnosticar o linfoma precocemente é estar atento aos possíveis sinais e sintomas do Linfoma não Hodgkin. Um dos sintomas mais comuns é o aumento dos linfonodos, provocando inchaço sob a pele, que geralmente não é doloroso. Isso é mais comum no pescoço, axila ou virilha.
As pessoas expostas a fatores de risco conhecidos para o linfoma de Hodgkin, como infecções por HIV, transplantes de órgãos, doença autoimune ou tratamento prévio de câncer, devem fazer check-ups clínicos regulares. Essas pessoas normalmente não desenvolvem um linfoma, mas mesmo assim devem estar cientes de possíveis sinais e sintomas da doença.
Tratamento
A maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, associação de imunoterapia e quimioterapia, ou radioterapia. A quimioterapia consiste na combinação de duas ou mais drogas, administradas por via oral ou intravenosa. A imunoterapia refere-se ao uso de medicamentos que têm um alvo específico para um componente que há nas células do linfoma (ex: anticorpo anti CD20 – um antígeno que existe na parede das células de alguns linfomas). A radioterapia é uma forma de radiação usada, em geral, para erradicar ou reduzir a carga tumoral em locais específicos, para aliviar sintomas ou também para reforçar o tratamento quimioterápico, diminuindo as chances de volta da doença em localizações mais propensas à recaída.
No caso dos linfomas indolentes, as opções de tratamento variam desde apenas observação clínica, até tratamentos bastante intensivos, dependendo da indicação médica.
Para linfomas com maior risco de invasão do Sistema Nervoso Central – SNC (cérebro e medula espinhal), faz-se terapia preventiva (injeção de drogas quimioterápicas diretamente no líquido cérebro-espinhal, e/ou radioterapia que envolva cérebro e medula espinhal). Nos pacientes já com o SNC envolvido, ou que desenvolvem esta complicação durante o tratamento, são realizados esses mesmos tratamentos.
A estratégia de tratamento dependerá do tipo específico de linfoma não-Hodgkin.
Fonte: American Cancer Society